Com o início da invasão militar da Ucrânia pela Rússia, os governos de ambos os lados do Atlântico estão lutando para identificar as mansões e superiates de oligarcas e oficiais considerados mais próximos do presidente Vladimir Putin.
As sanções foram introduzidas pela primeira vez em 2014, após a anexação da Crimeia pela Rússia e a ocupação de partes da região de Donbass. Agora, elas foram significativamente expandidas, com o objetivo de pressionar o Kremlin, atingindo os bolsos de algumas das elites mais ricas e influentes da Rússia.
Interessado em participar desta caçada global? A GIJN pediu ao Projeto de Jornalismo sobre Corrupção e Crime Organizado (OCCRP, na sigla em inglês) para compartilhar 10 dicas e técnicas para investigar a riqueza de russos abastados e com conexões políticas no exterior. Para começar, tudo que você precisa é de um laptop e alguma persistência.
1. Identifique seus alvos
Primeiro, você precisa decidir quais ativos você está procurando.
A Navalny 35 é uma lista de 35 oligarcas e oficiais que Alexey Navalny e sua fundação anticorrupção FBK identificaram como alvos-chave para sanções e congelamento de ativos. Inclui pessoas como Oleg Deripaska, um oligarca ligado ao Kremlin cuja mansão em Londres foi recentemente ocupada por manifestantes, e Viktor Zolotov, ex-guarda-costas de Putin e agora diretor da Guarda Nacional da Rússia. Muitos indivíduos na lista têm ativos significativos fora da Rússia, incluindo alguns que já foram congelados, como este palácio flutuante de US$ 600 milhões.
Governos na Europa, Estados Unidos e em outros lugares também anunciaram recentemente uma força-tarefa multilateral para identificar e congelar os ativos globais das elites russas, oligarcas e seus representantes. Foi elaborada uma lista de 50 alvos prioritários, sendo os primeiros 28 publicados aqui. Eles incluem Yury Kovalchuk, conhecido como o “banqueiro pessoal” de Putin, e Valery Gerasimov, chefe das Forças Armadas da Rússia.
Os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia mantêm programas de sanções que incluem proibições de viagens e congelamento de bens para indivíduos russos, incluindo aqueles sancionados pela invasão da Ucrânia pela Rússia, sua anexação da Crimeia em 2014 ou violações de direitos humanos. Algumas organizações criaram rastreadores de sanções, como o Sanctions Explorer do C4ADS, que facilita a pesquisa ao combinar dados de várias fontes governamentais, ou a ferramenta de monitoramento de sanções em tempo real da Correctiv, que se concentra exclusivamente em ações relacionadas à Rússia. Essas listas podem ser esmiuçadas para identificar comparsas sancionados de Putin, como Dmitry Peskov, porta-voz do presidente e “chefe de propaganda” da Rússia, ou Evgeny Prigozhin, cujo exército privado de mercenários apoiou a campanha brutal dos russos na Síria e alegadamente está lutando na Ucrânia.
A mídia investigativa que rastreia pessoas do círculo interno de Putin há anos inclui o OCCRP e o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). A edição russa da Forbes divulga anualmente uma lista de russos ricos, enquanto o Financial Times e o Wall Street Journal, focados em negócios, começaram a acompanhar o círculo íntimo de Putin e os oligarcas ricos à medida que eles recebem cada vez mais atenção.
Numerosos livros documentaram o círculo interno do regime cleptocrático de Putin e nomearam vários oficiais e oligarcas dignos de investigação. “Putin’s People”, de Catherine Belton; “Todos os homens do Kremlin”, de Mikhail Zygar; e “Cleptocracia de Putin”, de Karen Dawisha, são bons lugares para começar.
2. Defina Ativos e Foco Geográfico
O que você está procurando e onde pode estar? Essas são as primeiras perguntas que você deve se fazer. As respostas ajudarão a reduzir significativamente sua pesquisa.
Um ativo pode ser um imóvel, como uma mansão ou um apartamento de luxo; ações ou fundos de uma empresa; embarcações ou veículos, como um super iate, avião particular ou carro; ativos financeiros, como títulos; bens de luxo, como arte e joias; dinheiro, contas bancárias e ativos em criptomoeda; e muitos outros. Alguns desses ativos são mais visíveis e rastreáveis do que outros. Qualquer um atrairia os ricos, mas tente também estabelecer se seu alvo tem um interesse particular, como cavalos puro-sangue, que poderiam representar ativos significativos.
Onde pode estar o ativo? Os oligarcas russos favorecem os países que oferecem oportunidades de estilo de vida luxuoso e proteções do estado de direito, o que tornou Nova York, Londres e Paris destinos tão atraentes para comprar propriedades. Locais como Mônaco, Dubai e Montenegro também são grandes atrativos, por seu clima quente e regulamentação flexível. Tente estabelecer se seu alvo tem fortes laços com um determinado país – esse deve ser o lugar onde você começa sua busca.
Os ativos de oligarcas fisicamente localizados em lugares como a Europa geralmente são de propriedade de entidades legais registradas em jurisdições de sigilo financeiro, como as Ilhas Virgens Britânicas, Liechtenstein e Panamá. Fique de olho em centros de baixa transparência, como aqueles listados no Financial Secrecy Index da Tax Justice Network, e empresas registradas no estado americano de Delaware ou na ilha caribenha de Nevis, que oferecem opções adicionais de sigilo financeiro. As estruturas de ativos offshore internacionais com várias camadas podem ser caras de manter e os oligarcas contratam advogados especializados e profissionais de confiança para gerenciá-las. Provavelmente, essas estruturas foram criadas para proteger algo valioso.
3. Acesse dados
Se mansões ou superiates são os ativos, os documentos oficiais que comprovam a posse são a prova de propriedade que você deseja. Se esses dados são públicos ou privados, gratuitos ou pagos, disponíveis on-line ou apenas pessoalmente – e a extensão de qualquer informação contida neles – varia significativamente de ativo para ativo, de país para país ou mesmo de região para região. Como regra geral, a maioria dos países publica dados oficiais sobre propriedades e empresas de alguma forma.
Imóveis: Você pode pesquisar livremente os donos de propriedades de Nova York e Miami pelo nome. Na Suíça, alguns cantões como Genebra mostram quem possui uma propriedade específica, mas você não pode pesquisar por proprietário – apenas por endereço. Na França, você deve obter um número de referência do cadastro oficial (registro de imóveis) e, em seguida, solicitar às autoridades informações sobre a propriedade, mediante o pagamento de uma taxa. Na Áustria, Itália e Reino Unido você também deve pagar, mas na Alemanha você pode ter dificuldades para obter dados sobre propriedades sem provar um “interesse legítimo”.
Os documentos de planejamento podem ser outra ótima fonte de dados e geralmente são gratuitos. Os pedidos de renovação de propriedades de luxo em Londres de familiares e associados da família presidencial do Azerbaijão revelaram planos para piscinas no porão e cinemas privados. Depois de obter os documentos, não há melhor opção para investigar a propriedade do que visitar o local pessoalmente, o que pode revelar ativos adicionais, como veículos estacionados na garagem. Certifique-se de usar ferramentas on-line como o Google Maps ou Google Earth para se familiarizar com o local e tenha cuidado com a segurança.
Empresas: As perspectivas para os dados das empresas são igualmente mistas. Embora Reino Unido e Luxemburgo ofereçam gratuitamente informações detalhadas sobre a empresa (incluindo os beneficiários efetivos), a Áustria e a Alemanha cobram uma taxa. As sociedades de responsabilidade limitada (LLCs, em inglês) nos EUA geralmente são obrigadas a arquivar informações mínimas, dificultando a determinação de quem as possui, enquanto jurisdições como Belize são secretas propositalmente. Muitas empresas de fachada reveladas em vazamentos de denúncias podem ser pesquisadas no Offshore Leaks Database do ICIJ, e a plataforma Aleph do OCCRP possui uma grande quantidade de dados de empresas de dezenas de países. OpenCorporates reúne dados de empresas de muitos países em um só lugar, enquanto alternativas pagas como Orbis e Sayari oferecem cobertura abrangente em todo o mundo. Os registros judiciais de uma disputa comercial podem revelar informações sobre ativos corporativos, portanto, verifique se seu alvo é mencionado em casos comerciais no banco de dados jurídicos dos EUA, PACER, indexados no Court Listener ou nas Cortes e Tribunais de Sua Majestade do Reino Unido. Se o seu alvo for ativo no comércio ou envio de mercadorias, bancos de dados como Import Genius e Panjiva podem ser ótimos lugares para extrair dados sobre remessas internacionais.
Embarcações: Informações sobre proprietários de embarcações (para grandes iates, quase sempre uma entidade legal) estão disponíveis gratuitamente em sites de terceiros como Equasis ou em bancos de dados pagos como LexisNexis ou Orbis. Um navio pode ser de propriedade de uma empresa das Ilhas Virgens Britânicas, digamos, mas se estiver registrado em outra jurisdição, como as Ilhas Cayman, é aí que você precisa pesquisar (neste caso, o Registro de embarque das Ilhas Cayman) para obter a confirmação oficial de propriedade. Os movimentos das embarcações podem ser rastreados por meio de sites como Marine Traffic e VesselFinder, e você precisará saber o nome da embarcação para começar a coletar dados, bem como o número IMO – principalmente se receber um novo nome. Foi o caso da St. Princess Olga, cujo suposto proprietário Igor Sechin mudou de nome depois de se divorciar de sua esposa, Olga.
Aeronaves: Aeronaves podem ser rastreadas por meio de sites como Flightradar24. Os aeródromos nos quais os aviões chegam e saem podem indicar a localização de uma casa de férias nas proximidades. O identificador mais visível de um avião é seu número de cauda, mas um avião pode mudar de “nome”. Nesse caso, o número de série (que nunca muda) é vital para identificar o novo número de cauda e continuar a rastrear os movimentos. Icarus.flights é uma nova ferramenta útil para aprofundar o rastreamento de aeronaves. Russian Oligarchs Jets é um bot do Twitter que rastreia em tempo real os movimentos dos aviões dos oligarcas russos. As informações de propriedade sobre aviões registrados em certos países, como a Ilha de Man, Reino Unido ou EUA, estão disponíveis gratuitamente on-line – embora invariavelmente você descubra que o proprietário é uma empresa offshore cuja propriedade deve ser desvendada.
Ativos financeiros: Reguladores como a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA revelam dados sobre investimentos e muitas vezes nomeiam entidades específicas e seus beneficiários. Você também pode pesquisar veículos de investimento offshore por meio do Offshore Leaks Database do ICIJ, que combina dados dos Panama Papers, Pandora Papers e outros grandes vazamentos de dados de empresas offshore. Dados semelhantes sobre empresas e veículos de investimento são indexados na plataforma de dados Aleph do OCCRP.
Os itens acima são apenas uma seleção de exemplos de recursos que podem ser úteis em uma investigação de rastreamento de ativos. Não existe um método único para todos, e os repórteres devem seguir o dinheiro, inclusive além-fronteiras. Algumas organizações criaram manuais que descrevem recursos disponíveis em diferentes jurisdições que são úteis para investigações de rastreamento de dinheiro. O Catalogue of Research Databases do OCCRP é um bom ponto de partida, enquanto o Guia Digital para Rastreamento de Corrupção do fundador do OCCRP, Paul Radu, oferece informações valiosas. A empresa suíça i-intelligence publicou um extenso kit de ferramentas de código aberto.
4. Crie um banco de dados para registrar ativos
Crie um banco de dados para registrar informações encontradas sobre os ativos. Isso é essencial. Mantenha-o organizado, atualize-o regularmente e inclua o maior número possível de identificadores: nomes, endereços, diretores, valores de ativos, datas de aquisição/venda, números de registro da empresa, localização, datas de nascimento, etc. Crie planilhas separadas para empresas, propriedades e pessoas. Coloque links para as principais evidências que mostram cadeias de propriedade. À medida que sua investigação se desenvolve, seu banco de dados será um ponto de referência essencial e você também poderá cruzá-lo com outros dados para encontrar novos ativos (veja abaixo).
5. Identifique Familiares e Associados Conhecidos
Antes de começar a pesquisar os ativos do seu alvo – pare! Você primeiro precisa identificar suas esposas, amantes, filhos, pais, irmãos, associados de confiança e parceiros de negócios, incluindo identificadores pessoais como datas de nascimento. Oligarcas e oficiais frequentemente registram ativos no nome de membros da família ou associados próximos para privacidade ou proteção legal – e é aí que você pode desenterrar a prataria da família.
Veja Saodat Narzieva, uma ginecologista uzbeque que mantinha contas no banco suíço Credit Suisse com pelo menos 1,8 bilhão de francos suíços. Uma fortuna inimaginável para qualquer médico, esses fundos são provavelmente explicados por sua ligação com seu irmão, o bilionário russo-uzbeque Alisher Usmanov. Ou veja Polina Kovaleva, uma jovem glamourosa que adquiriu um apartamento de luxo de £ 4,4 milhões em Londres, sem hipoteca, com apenas 21 anos. Seu padrasto é Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia.
Sergei Roldugin, um violoncelista profissional russo e amigo de infância de Vladimir Putin, estava ligado a um rastro de dinheiro de US$ 2 bilhões envolvendo contas no exterior e transferências suspeitas. Graham Bonham-Carter (um parente da atriz Helena Bonham-Carter) é nomeado nos registros oficiais de uma propriedade de luxo no Reino Unido no valor de £ 25 milhões. As contas bancárias de Bonham-Carter no Reino Unido foram congeladas no início de março, quando a polícia suspeitou que 110.000 libras em depósitos estavam vinculados ao oligarca Oleg Deripaska, sancionado pelos EUA.
Procurar familiares e associados às vezes é a chave para desvendar a riqueza de um bilionário. A mídia social pode ser de grande ajuda aqui – o papel que os filhos ou entes queridos dos oligarcas russos desempenharam na revelação acidental de ativos está bem documentado.
Adicione uma planilha de “pessoas” ao seu banco de dados e comece a registrar membros da família e associados próximos para incluir em sua pesquisa. Registre datas de nascimento, endereços e cidadanias. Se eles detêm ativos incompatíveis com sua riqueza ou idade conhecida, isso pode sugerir que eles não são os verdadeiros beneficiários.
6. Fique atento às transliterações do russo
Os nomes russos são frequentemente transliterados para a escrita latina de diferentes maneiras. O Google lida bem com Alexei/Alexey, mas muitos bancos de dados especializados exigem uma correspondência exata de ortografia – o que significa que você pode perder um resultado importante se sua pesquisa errar uma ou duas letras.
Veja o Companies House, o registro de empresas do Reino Unido. Uma busca por “Filipp Adonyev” revela que um indivíduo com esse nome dirige a empresa britânica Pad Film Limited. Mas uma pesquisa por “Filip Adoniev” não mostra resultados correspondentes para o filho do oligarca russo de telecomunicações Sergey Adonyev.
Em alguns documentos oficiais, o sobrenome “Abramovich” é escrito “Abramovič”. Outro exemplo: “Sergei Kiriyenko”, “Sergey Kiriyenko”, “Sergei Kirienko” e “Sergey Kirienko” são transliterações razoáveis de “Сергей Кириенко”, um alto oficial do governo de Putin que foi sancionado pelo Tesouro dos EUA em 2021. Qualquer dessas variações podem ter sido inseridas em um banco de dados que você consulta, mas você pode não saber qual.
É aconselhável coletar todas as transliterações possíveis de um nome russo antes de iniciar sua pesquisa e, em seguida, pesquisar todas elas. Verifique com um falante nativo de russo se não tiver certeza sobre possíveis transliterações faltando e mantenha notas de quais variações você pesquisou.
7. Verifique as declarações de ativos dos oficiais russos
Os funcionários públicos russos são obrigados a apresentar declarações de bens. Aparentemente uma medida anticorrupção, essas divulgações podem fornecer grandes pistas e pontos de partida para investigações. As discrepâncias entre ativos declarados e os reais também contribuem para uma ótima história.
Em 2012, o então vice-primeiro-ministro Igor Shuvalov declarou propriedades na Áustria, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos. Não foram fornecidas mais informações sobre sua localização ou valor, mas todas foram declaradas como imóveis para locação. Com esses pontos de partida, os repórteres investigativos identificaram mais tarde um castelo no lago Attersee, na Áustria, um apartamento em Westminster, em Londres, e uma vila em Palm Jumeirah, em Dubai, que valem coletivamente dezenas de milhões de dólares. A posse das propriedades tem sido indicada como de membros da família, levantando questões sobre os acordos de aluguel declarados.
As declarações de ativos são publicadas por diferentes departamentos estaduais e não há um repositório central de informações. No entanto, a Transparência Internacional na Rússia criou o Declarator.org, um banco de dados pesquisável que reúne declarações de diferentes agências e também links para fontes de dados originais.
8. Use ferramentas de visualização de dados
A visualização de dados pode ser uma tábua de salvação ao mapear estruturas de ativos complexas, e os infográficos podem ajudar a melhorar a retenção de memória e permitir que você identifique padrões.
A plataforma de dados investigativos do OCCRP Aleph inclui uma ferramenta de diagrama de rede que permite aos usuários fazer upload de dados em visualizações que vinculam pessoas, empresas, ativos e outras entidades. Esses dados também podem ser cruzados com outros conjuntos de dados da Aleph, permitindo que os repórteres sigam o dinheiro e identifiquem outros ativos conectados ao alvo da investigação.
Linkurious é um software que o ICIJ usa para mapear conexões em grandes investigações como os Panama Papers.
9. Aprenda a fazer leitura dinâmica com eficiência
Você descobriu uma empresa vinculada ao seu alvo? – excelente! Agora você tem que ler os 50 documentos que a empresa criou desde que foi constituída há 15 anos. Você também precisa fazer isso para várias outras empresas e propriedades que encontrou. E é muito provável que você não tenha tempo.
Felizmente, você pode fazer leitura dinâmica. Grande parte do texto em relatórios anuais e arquivos semelhantes é uma linguagem padrão copiada de uma empresa para outra. As informações cruciais que você está procurando são os dados exclusivos registrados por esta empresa; geralmente são nomes, datas e números. Aprenda a identificá-los rapidamente e descartar o conteúdo irrelevante ao redor deles.
10. Solicite dados
As autoridades podem estar dispostas a compartilhar dados que ainda não estejam disponíveis publicamente. Em alguns países, uma solicitação de liberdade de informação é uma maneira de obter isso, mas geralmente requer uma longa espera e não há como garantir que as principais informações que você está procurando não sejam editadas. Alternativamente, você pode simplesmente pedir.
A Direction de l’aviation civile de Luxemburgo compartilhou recentemente um banco de dados atualizado de aeronaves civis registradas em Luxemburgo – dados não publicados em seu site – mediante solicitação. Esse banco de dados inclui números de cauda, números de série, proprietários registrados e outros identificadores importantes para aeronaves, incluindo alguns usados por autoridades russas. Dados como esses podem dar início a uma investigação ou fortalecer investigações anteriores.
Veja o jato particular Bombardier Global Express do ex-vice-primeiro-ministro Igor Shuvalov, reportado em 2016 pelo blogueiro anticorrupção russo Alexey Navalny. Seu registro na Ilha de Man expirou em 2018, quando foi registrado novamente em Luxemburgo. Os dados de Luxemburgo revelam o mesmo modelo de aeronave com o mesmo número de série, mas um número de cauda diferente – mostrando que o avião foi renomeado, o que dificulta o rastreamento. Uma referência cruzada deste novo número de cauda com dados de voos recentes revela voos para Salzburgo, perto de um castelo supostamente de propriedade de Shuvalov – sugerindo que ele ainda pode possuí-lo. Os dados também revelam um novo proprietário registrado.
Vale a pena fazer uma visita ao tribunal local, empresa ou registro de aeronaves para solicitar documentos pessoalmente. Como os exemplos acima sugerem, a quantidade de dados agora disponíveis online é grande e crescente, mas algumas instituições ficam atrás de outras, e uma visita presencial às vezes pode render documentos adicionais e mais antigos ainda não indexados em plataformas digitais.
Recursos Adicionais
Investigando a Rússia ao redor do mundo: um kit de ferramentas
Grozev, do Bellingcat, sobre a investigação da invasão da Ucrânia pela Rússia
Recursos de jornalismo para acompanhar os eventos na Ucrânia
Tom Stocks é um investigador sênior do Projeto de Jornalismo sobre Corrupção e Crime Organizado (OCCRP). No OCCRP, ele investiga lavagem de dinheiro, corrupção e riqueza offshore e participou de grandes investigações internacionais, incluindo Pandora Papers, Suisse Secrets e FinCEN Files. Antes de ingressar no jornalismo, trabalhou em investigações de rastreamento de ativos em apoio a litígios comerciais. Ele estudou língua russa na universidade.