Quando eu estava terminando a faculdade, há mais de uma década, fazer vídeo era o próximo grande passo. Em todo o mundo, as organizações de notícias estavam contratando funcionários autônomos e em tempo integral para produzir histórias em vídeo. Eu já tinha experiência como produtora, então, naturalmente, comprei minha primeira câmera e comecei a trabalhar como videojornalista freelancer. Desde então, tive experiência de trabalhar tanto em grandes equipes – com uma dúzia de pessoas envolvidas em um documentário – quanto na produção, filmagem e edição por conta própria.
Durante anos, a palavra da moda entre as organizações de mídia, especialmente nos Estados Unidos, foi a expressão “pivoting to video”, uma frase que se refere à tendência, a partir de 2015, de veículos de mídia cortarem recursos de conteúdo escrito em favor dos conteúdos de vídeo. Alguns veículos chegaram até a substituir as equipes de mídia impressa por vídeo, ao mesmo tempo em que começaram a produzir conteúdo apenas para mídias sociais.
Mas, embora muitos veículos tenham montado equipes caras, eles não pensaram nos desafios de receita e sustentabilidade. Como resultado, apenas alguns anos depois, até mesmo equipes de vídeo de alta tecnologia com milhões de visualizações e assinantes, como a Left Field da NBC e a Great Big Story da CNN, foram fechadas.
Hoje, embora o entusiasmo tenha diminuído, o vídeo continua sendo um excelente formato de narrativa que pode ser dimensionado para corresponder aos orçamentos disponíveis. Sites de streaming, como o principal reprodutor de vídeos, o YouTube, ou um dos muitos sites paid-per-view menos conhecidos, criaram novas maneiras para os jornalistas visuais alcançarem uma audiência diferente e por vezes maior ou até global, ampliando seu impacto. Esta também é outra forma de as organizações de mídia monetizarem seu trabalho.
Para agências de notícias menores – como organizações sem fins lucrativos investigativas – ter uma unidade de vídeo pode abrir portas para trabalhar com canais de televisão que geralmente têm orçamentos maiores do que a mídia impressa. Isso pode ser uma fonte valiosa de receita comercial, desde a oportunidade de ser contratado para diárias e projetos especiais até a venda de material de arquivo.
Este guia é voltado para ajudar pequenas organizações de jornalismo investigativo – com orçamentos modestos e equipes pequenas – a começar a produzir suas primeiras histórias em vídeo. Nós o dividimos em três segmentos:
21 etapas para começar a fazer vídeos
Dicas para melhorar a aparência das suas filmagens
21 etapas para começar a fazer vídeos
No início, não tenha como objetivo uma indicação ao Oscar ou um acordo de distribuição com a Netflix. Não tem problema se sua equipe for pequena e inexperiente. Espere cometer erros e tenha em mente que há uma curva de aprendizado, como na escrita.
1. Comece pequeno
Se sua equipe não tem experiência, comece a pensar visualmente, integrando fotos e vídeos em suas histórias de texto. Além disso, dê importância aos elementos multimídia desde o início, desde a fase de apresentação. Muitos jornalistas da mídia impressa terminam sua investigação e só então se lembram de que precisam de fotos e vídeos, que muitas vezes são impossíveis de conseguir nesta fase. Algumas fotografias ou clipes curtos adicionados entre o texto ou integrados ao fundo são um bom começo. Outra ideia: filme uma entrevista com o sujeito principal de sua história impressa.
Se houver um orçamento, treine sua equipe. Com câmeras de alta qualidade em nossos telefones há mais de uma década, já pode haver pessoas em sua equipe que podem filmar e fotografar muito bem, mas só precisam de mais prática e orientação.
Também existe a opção de financiamento coletivo do seu projeto de vídeo. Sabine Krayenbühl, uma editora e diretora suíça premiada e indicada ao Oscar, recomenda uma abordagem estratégica assim que seja decidido o foco de seu projeto.
“Com o crescimento da importância das redes sociais, você pode criar um conjunto de seguidores que entram em cena quando você busca financiamento para uma campanha ou distribuição”, explica Krayenbühl, que usou financiamento coletivo para financiar alguns de seus documentários. “As pessoas ficam entusiasmadas em se envolver no processo. Você pode facilmente ter uma página do Facebook ou conta do Instagram, [não é] nem necessário ter uma página da web”.
Ainda assim, o financiamento coletivo leva tempo para funcionar bem. Krayenbühl sugere planejar toda a campanha desde o início, incluindo todas as atualizações e vantagens. Além disso, ela diz que os cineastas iniciantes devem levar em consideração os custos extras para quaisquer brindes e adicioná-los ao valor total que desejam arrecadar.
“Melhor pedir uma quantia designada para uma parte específica da produção, como música ou direitos autorais, do que para todo o filme”, explica Krayenbühl. “Assim as pessoas sentem que contribuíram de forma proposital e sabem pelo que são responsáveis. Isso lhes dá ‘um pedaço’ do filme.”
2. Crie sua estratégia de vídeo
Faça sua pesquisa para descobrir quais oportunidades existem. Aqui estão algumas coisas a serem consideradas antes de começar:
- Existem outras equipes em sua região fazendo vídeos com orçamentos modestos? Como eles estão ganhando dinheiro? Além disso, onde está sua audiência? Online ou offline? Quão grande é esse público? Lembre-se de que, se você traduzir os vídeos de seu idioma nativo para o inglês, poderá receber mais atenção internacional e, possivelmente, até receita.
- Como você vai financiar a produção? Para começar, você pode solicitar financiamento para reportagens e incluir a contratação de freelancers em suas despesas. Você também pode se inscrever para bolsas de documentário.
- Existem veículos comerciais dispostos a comprar seu trabalho? Programas de notícias de televisão locais ou regionais, por exemplo, ou programas de notícias e documentários internacionais? Contratos para fornecer conteúdo de vídeo a organizações de mídia maiores podem ajudar a financiar seus esforços.
- Se você for distribuir seu próprio conteúdo, como você o oferecerá? As plataformas de compartilhamento gratuito, como YouTube e Amazon Prime, são grandes o suficiente em seu país para obter as centenas de milhares de visualizações necessárias para começar a receber por isso? O YouTube, por exemplo, requer 1.000 assinantes e 4.000 horas de exibição antes de começar a pagar aos criadores, e mesmo assim os pagamentos ficam apenas entre US$ 1 e $ 3 por visualização. Existe uma rede de distribuição em sua região? As pessoas da sua região pagariam para assistir isso pessoalmente em um teatro? Se você fizer sua própria transmissão, há um público que pagará pelo acesso?
Essas questões o ajudarão a criar uma estratégia sobre quanto você deve investir em vídeo e se você deve criar documentários mais longos ou se limitar a formatos mais curtos. Lembre-se de que nem todas precisam ser respondidas de uma vez.
Se o seu objetivo é a distribuição digital de seus documentários, certifique-se de ler estas dicas de Orly Ravid, fundador da The Film Collaborative, uma organização sem fins lucrativos dos EUA com foco em distribuição e educação.
3. Equipe ou freelancers?
Existem várias maneiras de contratar uma unidade de produção de vídeo. Você pode contratar um jornalista profissional de vídeo – uma única pessoa que fará a produção, reportagem, filmagem, gravação de áudio e edição de vídeo. Você pode contratar freelancers que tenham essas habilidades. Ou você pode treinar seus jornalistas de mídia impressa.
Se você tem um orçamento maior, pode contratar várias pessoas – seja como funcionários ou freelancers – treinadas para cada função do processo: um produtor, um cinegrafista e um editor de vídeo. Uma vantagem de trabalhar com freelancers é que eles normalmente trazem seus próprios equipamentos, então você não precisa comprar material, embora alguns cobrem uma taxa de aluguel de equipamentos.
4. Equipamentos
Se você decidir comprar seus próprios equipamentos, é melhor consultar as pessoas que vão usá-los. Portanto, se você está contratando alguém para fazer um vídeo, espere que ele esteja a bordo do projeto e peça suas recomendações antes da compra.
Para um kit básico, você precisará de uma câmera, microfones direcional e de lapela, um tripé e um monopé. Os tripés são essenciais para entrevistas sentadas. Os monopés são bons quando você precisa ser versátil e em situações em que não tem tempo para montar o tripé – por exemplo, durante a filmagem de um protesto de rua. Uma pequena luz LED também é necessária para ajudar com a iluminação, principalmente quando você estiver filmando em ambientes internos.
Você então terá que escolher entre estes três tipos diferentes de câmeras:
- As filmadoras profissionais têm uma lente com grande foco integrado, filtros de densidade neutra (ND, na sigla em inglês) e duas entradas de áudio.
- As câmeras fotográficas DSLR também podem gravar vídeo e áudio. Muitos profissionais as preferem pelos seus sensores melhores e tamanho compacto, pois cabem no bolso de um casaco. Você precisará obter várias lentes e filtros ND – que você precisará, por exemplo, para filmar durante um dia ensolarado. Se você quiser gravar em dois microfones simultaneamente, também precisará de um pequeno mixer de áudio.
- Câmeras de cinema digital, que são usadas principalmente para documentários. Eles combinam atributos de filmadoras e câmeras fotográficas – você pode trocar lentes e também ter duas entradas de áudio.
Você não precisa gastar muito para criar um vídeo de boa qualidade. Se o orçamento for zero, você pode trabalhar com telefones celulares. Confira nosso guia de jornalismo móvel (MOJO) para mais informações.
5. Crie um Guia de Estilo
Assim como um guia de estilo para redação, este será o modelo tanto para sua equipe de vídeo em tempo integral, quanto freelance. O guia deve incluir o estilo que você deseja que seus vídeos sigam, como você deseja que sejam filmados e que tipo de artes e fontes você deseja usar. Isso tornará tudo mais rápido e limitará o vai e volta com seu editor de vídeo.
6. Escolha histórias que darão bons vídeos
Entrevistas sentadas raramente são interessantes. Encontre a ação na história que você está investigando e filme-a.
7. Elabore um script.
Assim como na escrita, sua história em vídeo precisa ter uma explicação clara, ou um “nut graf” – um pequeno resumo que explica sobre o que se trata sua investigação e por que os espectadores devem se importar. Antes de filmar, você precisa de um roteiro e uma lista das tomadas que você precisa fazer durante a filmagem, para que você esteja preparado quando estiver em campo. Quando terminar de filmar, você precisa transcrever suas entrevistas e documentar todas as tomadas que acabou fazendo. Então, você pode começar a montar o script final que você ou um editor de vídeo editará.
8. Teste seu equipamento e pratique
Certifique-se de se familiarizar com as configurações do seu equipamento de vídeo e áudio – por exemplo, a sensibilidade do seu microfone. Antes de ir para o campo, faça um teste para garantir que sua equipe e seu equipamento funcionam bem juntos. Durante a filmagem, sua adrenalina pode aumentar e, se o equipamento for novo ou desconhecido, é possível que você não se lembre de como ajustar a configuração para X, Y ou Z.
9. Cultive boas relações de trabalho entre jornalistas da mídia impressa e de vídeo
Essa relação costuma ser tensa, pois os jornalistas da mídia impressa costumam ser mais velhos e menos experientes em tecnologia do que os jornalistas de vídeo, mas, quando funciona, as histórias produzidas são mais fortes. O ideal é que a equipe de vídeo participe dos estágios iniciais da investigação. Se eles ingressarem no projeto tarde demais, podem perder oportunidades de filmar entrevistas e outros acontecimentos importantes.
10. Esteja sempre gravando
Algumas das melhores reações que você obterá de um entrevistado são antes e depois da entrevista oficial, quando ele está mais relaxado. Portanto, assim que seu entrevistado entrar na sala, obtenha consentimento e comece a gravar e pare de gravar somente depois que ele sair.
11. Câmeras ocultas
O uso de câmeras escondidas é controverso, às vezes perigoso, e deve ser feito com cuidado. Os padrões profissionais estabelecem que deve-se recorrer à filmagem secreta apenas quando a informação não puder ser obtida por outros meios e houver um alto interesse público. Além disso, observe que em alguns países e estados dos EUA, o uso de câmeras ocultas pode ser ilegal. Informe-se sobre as leis locais sobre câmeras ocultas antes de seguir essa tática.
12. Usando dados e documentos
Quando uma história é boa, você pode aproveitar as vantagens dos elementos de foto e áudio que possui e transformá-los em uma peça multimídia atraente. Mas atenção: um erro comum dos jornalistas é não adicionar movimento aos documentos apresentados, interrompendo assim o fluxo do vídeo, onde todo o resto tem movimento. Uma das maneiras mais comuns de criar esse efeito é uma panorâmica ou zoom lento em um documento ou foto, também conhecido como “efeito Ken Burns”, em homenagem ao popular documentarista americano.
13. Usando imagens de arquivo
Você não tem orçamento para começar a filmar? Ou você está preocupado porque não tem experiência? Você pode começar produzindo peças multimídia com elementos aos quais você já tem acesso e direitos, como filmagens de arquivo, imagens de satélite, capturas de tela, documentos e entrevistas de áudio – quase todos os quais podem ser obtidos gratuitamente e online.
14. Faça os entrevistados responderem em sentenças completas
Você deve fazer perguntas abertas, “por que” ou “como” para evitar receber respostas curtas e desinteressantes de sim ou não diante da câmera. Provavelmente, suas próprias perguntas serão cortadas, então certifique-se de pedir aos entrevistados que respondam em frases completas. Se você receber uma resposta brusca “sim” ou “não”, prossiga com “Você pode explicar mais?”
15. Não tenha medo de projetos mais longos
Projetos mais longos podem parecer assustadores no início. Mas, como um editor me disse uma vez, imagine que você está filmando três vídeos diferentes que mais tarde irá juntar. Por exemplo, se você deseja produzir um documentário de 45 minutos e nunca fez isso, imagine que está filmando três vídeos de 15 minutos.
16. Áudio
Você está gravando um vídeo, mas a qualidade do áudio é igualmente importante. A maioria dos telefones e microfones de câmera internos têm baixa qualidade de áudio, o que pode dar ao vídeo uma aparência pouco profissional. Certifique-se de investir em gravadores de áudio ou microfones de qualidade. As principais marcas tendem a durar mais de uma década.
Antes de filmar, você também deve criar uma lista do áudio que você precisa gravar em campo; isso geralmente é chamado de “sons naturais”. Se for uma história sobre trens, por exemplo, você precisa ter um áudio nítido dos trens passando.
17. Duração
Se você está produzindo para a internet, não se sinta preso a períodos de tempo específicos. Como um professor me disse uma vez, mantenha-o enquanto for interessante. Mas se você pretende transmitir em uma emissora, os tempos de transmissão típicos de TV são de 25, 45, 60 e 75 minutos.
18. Autorizações e consentimento de filmagem
Para filmar em alguns países, você precisa solicitar uma licença de filmagem. Para filmar uma pessoa, sempre obtenha consentimento – caso contrário, em alguns países (e em toda a União Europeia), você pode ser processado por violação de privacidade. Você pode obter consentimento na filmagem ou, como os advogados preferem, em um documento legal assinado.
19. Música
Não roube música. Você é um criador, então respeite o trabalho dos outros. Existem faixas no YouTube e em outras plataformas que podem ser usadas gratuitamente, desde que você mencione o nome do criador. Você também pode comprar o direito de usar uma música em sites como o Pond5. Também há músicas no YouTube sob licenças Creative Commons, que permitem que você as use gratuitamente se creditar o artista no final ou na descrição do vídeo.
20. Edição de vídeo
Se você está apenas começando, não gaste muito em software de edição de vídeo. No Guia de ferramentas de negócios da GIJN, recomendamos o software de edição de vídeo DaVinci Resolve, que oferece uma versão gratuita de seu software profissional de edição de vídeo, correção de cores e efeitos visuais. Mas, se você ou sua equipe são iniciantes, comece com algo mais simples, como o editor de vídeo gratuito e de código aberto Shotcut. Para obter mais sugestões de software de edição de vídeo e áudio, consulte o capítulo 6 do Guia de ferramentas de negócios da GIJN.
21. Armazene seu material
Depois de terminar a história, não exclua a filmagem bruta. Guarde tudo e arquive corretamente em pelo menos dois discos rígidos, em dois locais separados. Certifique-se de dar às pastas um nome que faça sentido se um colega precisar procurá-las em cinco ou até dez anos. Para saber mais sobre isso, leia nossa história, “Porque jornalistas precisam de um sistema de arquivamento”. Além disso, considere enviar algumas de suas filmagens originais para bancos de imagem; dessa forma, você pode criar uma nova fonte de receita para sua organização.
Dicas para melhorar a aparência das suas filmagens
Estas são algumas dicas que aprendi nos 15 anos em que trabalhei produzindo vídeos e documentários para TV e web. Alguns também vêm de uma aula de documentário que frequentei na Universidade de Columbia com os cineastas e professores Duy Lin Tu e Travis Fox.
- Mantenha cada tomada por 10 segundos e não corte sua tomada antes que nenhum movimento termine. Por exemplo, se um carro estiver passando, corte apenas depois que ele sair do quadro.
- Apenas 20 a 30% de suas tomadas precisam ser abertas. O objetivo de uma tomada em plano aberto, também chamado de plano de estabelecimento (establishing shot, em inglês), é mostrar ao seu público onde estamos: é Nova York ou a zona rural da África? É uma casa de classe média ou um abrigo para sem-teto? Outros 40 – 50% de suas tomadas devem ser em plano médio, com o restante em plano fechado (close-ups). Aumentar o zoom com sua câmera até mesmo na ação mais entediante, como fazer café, faz com que pareça interessante e intenso. Close-ups também são uma forma de mostrar detalhes interessantes (como tatuagens, mãos ásperas, rugas) da pessoa ou do lugar que você está filmando. Pense em close-ups como a descrição que você incluiria em uma matéria em texto.
- Filme de vários ângulos. Por exemplo, se você está filmando alguém fazendo café, faça um close-up da preparação do café, e outro sobre a cabeça de seu personagem servindo uma xícara, é uma bela tomada.
- Escreva as perguntas que deseja fazer aos entrevistados. Ao entrevistar, no entanto, siga o fluxo da discussão. Antes de terminar a entrevista, verifique suas anotações para ter certeza de que não esqueceu nada.
- Sempre leve baterias e carregadores extras com você.
- Filmar em um tripé, monopé ou similar torna suas filmagens mais profissionais.
- A pessoa que está filmando deve sempre usar fones de ouvido para se certificar de que também está gravando o áudio.
- Converse um pouco com o entrevistado enquanto prepara seu equipamento para fazê-lo relaxar. Mantenha contato visual durante a entrevista.
- Pratique, pratique, pratique.
- Não coloque seu entrevistado na frente de uma janela. A luz do dia atrás dele poderá ficar estourada.
- Controle o ambiente quando possível. Desligue qualquer ruído de fundo, como música, ar condicionado, etc.
- Coloque a câmera no mesmo nível dos olhos dos entrevistados e sente-se em uma cadeira de altura semelhante. Se você estiver sentado mais alto, eles olharão para cima, e se você estiver mais baixo, eles olharão para baixo. No entanto, onde um personagem olha durante uma entrevista pode variar. Alguns cineastas fazem perguntas sentados um pouco de lado durante as entrevistas, de modo que o sujeito olhe para eles e seja filmado um pouco de perfil. Outros se posicionam atrás da câmera e têm seus entrevistados olhando diretamente para a lente.
- Enquadre os entrevistados em um lado da tela enquanto eles olham para você ou para o entrevistador do outro lado.
Estudos de caso
Aqui estão alguns exemplos de vídeos e canais do YouTube produzidos por grupos de jornalismo de pequeno e médio porte:
O Setor de Saúde do Egito rejeita pacientes com AIDS, por Arab Reporters for Investigative Journalism. Esta história comovente analisa como os hospitais públicos egípcios negaram tratamento a 22.000 pacientes com HIV/AIDS. A investigação é baseada em cinco entrevistas sentadas – três delas sem revelar a identidade dos entrevistados -, o uso de documentos públicos e imagens complementares das ruas da cidade.
Trabalho duro: A indústria não regulamentada de barrigas de aluguel no Quênia, de Naipanoi Lepapa e Africa Uncensored. Esta equipe passou 18 meses investigando os abusos na indústria de barriga de aluguel amplamente não regulamentada do Quênia. A cativante peça multimídia de 25 minutos foi produzida usando entrevistas de áudio de vítimas de tráfico humano, documentos, fotos de pessoas envolvidas no tráfico e filmagens gerais do Quênia.
Vários trabalhos da Bihus.info, uma redação ucraniana sem fins lucrativos ativa no YouTube. Bihus tem várias pessoas talentosas em frente às câmeras que podem facilmente explicar uma história complicada e fazer você ficar grudado na tela para assistir. Por exemplo, como os contribuintes estão essencialmente financiando as casas dos empresários mais ricos da Ucrânia. Surpreendentemente, o vídeo mais popular do grupo (1,6 milhão de visualizações) é uma simples entrevista com um dos oligarcas da Ucrânia; nenhum trabalho de câmera extravagante, apenas duas câmeras e um microfone.
Solas En La Avenida (Sozinhas na Avenida), de El Faro, o principal site independente de notícias online de El Salvador. O vídeo é sobre trabalhadoras do sexo assediadas pela polícia e trabalhando em um bairro controlado por gangues. O vídeo é o mais popular de El Faro até agora, com mais de 2 milhões de visualizações em três anos.
Black Trail, uma investigação internacional sobre a falta de regulamentação da poluição no setor de transporte marítimo. Aqui está um exemplo de como grupos locais – com uma ótima história, mas sem equipe de filmagem – colaboraram com emissoras do exterior. Para este documentário colaboraram as seguintes equipes: Expresso e SIC TV (Portugal), The Black Sea (leste Europeu), VG (Noruega) e a TV pública da Suíça, RTS, juntamente com os membros da GIJN, Financed Uncovered (Reino Unido) e Reporters United (Grécia).
Marinheiros exilados pela pandemia enfrentam perigo, uma animação do site de notícias das Filipinas, Rappler. Os produtores usaram entrevistas feitas por telefone com testemunhas oculares e animação para relatar as mortes de pescadores filipinos no mar. A história foi finalista no SOPA Awards em 2021.
Malaysiakini, um membro da GIJN que é o principal site de notícias online independente da Malásia. Aqui está um excelente exemplo de como um pequeno grupo pode se transformar em uma grande organização de mídia. Embora tenha começado pequeno nos anos 90, o veículo criou o KiniTV, um canal do YouTube que se assemelha a um canal de TV tradicional. O canal acumula mais de 1,6 milhão de assinantes e tem um total de 1,3 bilhão de visualizações em 14 anos.
Mais recursos
“Feature and Narrative Storytelling for Multimedia Journalists”, de Duy Linh Tu, enfoca nas técnicas de produção de documentários e multimídia exigidas por jornalistas profissionais. Métodos de produção de vídeo e áudio são cobertos em detalhes, mas mais importante, várias técnicas de narrativa são exploradas em profundidade.
O Sundance Institute também oferece aulas online sobre vários aspectos do processo de produção, alguns dos quais são gratuitos, enquanto outros custam algumas centenas de dólares.
A série de podcast Film Trooper também tem três episódios dedicados a lucrar com a produção de documentários.
Se você precisar de mais conselhos sobre como criar sua equipe de vídeo, entre em contato com a equipe de HelpDesk da GIJN.
Recursos adicionais
Double Exposure Film Fest mostra a arte de fazer documentários
DIG Festival homenageia filmes investigativos que expuseram escândalos
O que assistir: 5 documentários anticorrupção da Films for Transparency
Nikolia Apostolou é diretora do Centro de Recursos da GIJN. Nos últimos 15 anos, Nikolia tem escrito e produzido documentários da Grécia, Chipre e Turquia para mais de 100 meios de comunicação, incluindo BBC, Associated Press, AJ+, The New York Times, The New Humanitarian, PBS, Deutsche Welle, e AlJazeera.